domingo, 25 de abril de 2010

Dinheiro — um amo cruel

A PUBLICIDADE emprega sutis artifícios psicológicos para promover a sociedade de consumo. Persuade as pessoas a ‘comprar coisas de que elas não necessitam, com dinheiro que elas realmente não possuem, às vezes para impressionar pessoas das quais elas realmente não gostam’.
Muitos se vêem induzidos a tentar ganhar muito dinheiro, na esperança de obter segurança. Mas leva-os isso ao resultado desejado?
Liz, já mencionada antes, com o tempo casou-se com um homem dotado de segurança financeira. Ela nos conta: “Quando me casei, tínhamos uma linda casa e dois carros, e nossa situação financeira nos dava a liberdade de usufruir tudo que o mundo tinha a oferecer no sentido de coisas materiais, viagens e diversão. O esquisito em tudo isso é que eu ainda me preocupava com dinheiro.” Ela explica por que: “Tínhamos muito a perder. Parece que, quanto mais se tem, menos segura a gente se sente. O dinheiro não nos deixou livres de preocupações ou de ansiedades.”
Embora a busca do dinheiro seja um sinal característico de nossos tempos, isto raramente resulta no verdadeiro contentamento. “A obsessão do dinheiro pode parecer natural na década de 80, a era do materialismo”, escreve David Sylvester no jornal Detroit Free Press. “Mas vejo este materialismo apenas como um sintoma de nossa intranqüilidade.”
Crédito ou Débito?
Mesmo que seus rendimentos não lhe permitam comprar certos itens luxuosos, a nossa sociedade materialista gostaria de fazê-lo crer que é seu direito possuí-los. Esta ênfase ao usufruto de bens, junto com a inflação, promove o crescente negócio de cartões de crédito, ou “dinheiro de plástico”. Arrazoa-se que ‘não faz sentido esperar até poder comprar, visto que o preço certamente será mais elevado se fizer isso’.
A Grã-Bretanha, com 22,6 milhões de cartões de crédito e de compras, goza agora do título de o “maior utilizador” de tais cartões na Europa, ananicando o total da França, de 6,9 milhões. Mesmo assim, segundo se afirma, o mercado na Grã-Bretanha “ainda não está saturado”. Como os tempos mudaram! “Uma dívida era antigamente algo a ser evitado”, comenta a revista The Listener. “Atualmente, isto é chamado de crédito, sendo impingido aos consumidores por todos os lados.”
Como resultado, a dívida pública global elevou-se assustadoramente e agora ameaça as nações mais ricas do mundo. E, no nível individual, a dívida em proporção à renda nunca esteve tão alta. Esta situação de forma alguma se limita a um único país, nem mesmo a um único continente. “Antigamente, as pessoas de cor jamais utilizavam seu crédito”, comenta um residente negro da África do Sul. Mas acrescenta ele: “É seu crédito que ajuda muitas firmas, tais como lojas de móveis, a continuar operando.”
“Somos a geração das ‘Promissórias”’, comenta o escritor sobre economia, David Sylvester, “gastando demais, investindo pouco, vivendo como se não houvesse um amanhã — ou, se ele chegar, contando que a previdência social nos resgatará”. Assim, será que este enfoque materialista da vida trouxe felicidade?

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