quinta-feira, 29 de abril de 2010

São as Máquinas Que Dirigem o Espetáculo?

A Segunda-feira Negra foi um dia ruim para os computadores. O maremoto do movimento na Bolsa, naquele dia, foi maior do que eles podiam manejar. Por todo o país, os corretores observaram com raiva impotente os seus terminais apresentarem uma teia cheia de pontos de interrogação, ou então simplesmente nada. No âmago da tempestade a Bolsa de Valores de Nova Iorque o “crash” provocou interrupções em quase toda parte do sistema. Muitos, porém, acharam que os computadores não eram apenas vítimas do “crash”, mas, em realidade, cúmplices em gerar a corrida desenfreada de vendas. Certo senhor expressou-se do seguinte modo para The New York Times: “São apenas computadores vendendo para computadores.”
Naturalmente, isso não é estritamente veraz. Mas sendo que os grandes investidores institucionais favoreciam certos planos complexos de negociação, os computadores reagiram automaticamente de acordo com as condições do mercado — tal como a queda no preço duma ação — sugerindo ao corretor o que este devia fazer. O problema é que ele raramente dispõe de tempo para questionar as sugestões do seu computador. Assim, os computadores podem coreografar hostes de corretores como se fossem um grupo de bailarinos. Eles obedecem em uníssono a seus computadores, gerando enormes ondas de vendas que, por sua vez, geram outras ondas de vendas. Assim, é possível que os computadores tenham ampliado o “crash”, da mesma forma que o feedback dum sistema de alto-falantes pode ir aumentando até se tornar um guincho de estourar o tímpano. Alguns culpam os computadores por 300 pontos da baixa registrada de 508 pontos.
É possível que os computadores sejam indispensáveis para a Bolsa de Valores, mas eles fizeram com que os peixinhos, na Segunda-feira Negra, se sentissem ainda menores do que nunca. Os investidores singulares não puderam sequer dar ordens por telefone a seus corretores, para estes venderem suas ações que despencavam de valor. No ínterim, os grandes investidores, com seus programas de negócios computadorizados, descarregavam suas ações em enormes blocos.

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