quarta-feira, 30 de junho de 2010

Outra Depressão?

À medida que o “crash” grassava por Wall Street e ao redor do mundo, as pessoas começaram a relembrar outro ano de triste memória na história econômica: 1929. Naquele ano, um similar “crash” da bolsa de valores levou à depressão global. O mundo ainda se encolhe de modo quando pensa naquela era, com suas filas de pão, cozinhas de campanha para servir sopa, desemprego generalizado, e pobreza. Será que o novo “crash” levaria a uma depressão similar? Afinal de contas, no pior dia do “crash” de 1929 (Terça-feira Negra), a bolsa caiu 12,8 por cento. Mas, na Segunda-feira Negra de 1987, ela caiu 22,6 por cento. Uma manchete de The New York Times, de 20 de outubro de 1987, perguntava: “Será 1987 Igual a 1929?”
A resposta, para grande alívio de multidões, provou ser Não. Cerca de dois anos depois da Segunda-feira Negra, muitos peritos, ao examinar os duradouros estragos causados pela tempestade, verificaram que eram mínimos. A economia dos EUA ainda estava em expansão. A taxa de desemprego era baixa. Afinal de contas, mesmo depois da Segunda-feira Negra, o mercado estava apenas 4 por cento abaixo do que estivera um ano antes; até mesmo conseguiu terminar o ano ligeiramente acima da média.
Muitos peritos consideraram a Segunda-feira Negra como o simples estouro duma bolha, uma correção mui necessária da valorização excessiva das ações. Se o “crash” deixou qualquer legado duradouro, este terá sido o da fuga recorde de muitos indivíduos do mercado acionário. ‘Jamais me meterei nisso de novo’, juram eles. E parecem estar falando sério.
Significa isso que a Segunda-feira Negra não teve importância? Longe disso! Alguns peritos acham que o “crash” deveria ser encarado como um aviso, que ele pôs em foco algumas das profundas falhas que partem de Wall Street e permeiam toda a economia mundial. Mas será que o mundo em geral acatou o aviso? Não, segundo um professor de economia, que disse à revista Time: “É como um grupo de adolescentes bêbados que dirigem um carro, e que pensam que apenas porque conseguiram fazer a última curva, conseguirão fazer também a próxima.”
Exatamente o que houve de errado com Wall Street? Poderia ocorrer novo “crash”? E será que há algo nisso que o atinge pessoalmente?

Milhões Ficaram Mais Pobres

Helmut Schmidt, ex-chanceler da Alemanha Ocidental, declarou a Die Zeit, um jornal alemão: “A queda das bolsas de valores de todo o mundo, em mais de US$ 1 trilhão, fez com que de 100 a 200 milhões de famílias no Ocidente ficassem mais pobres do que acreditavam ser antes do ‘crash’.” Todavia, o “crash” não se limitava ao Ocidente. As bolsas foram desabando em série como dominós em Hong Kong, Tóquio, Cingapura, Formosa, Austrália, África do Sul e na América Latina, bem como na Europa e na América do Norte.
Le Quotidien, de Paris, estampava a manchete em letras garrafais: “LE CRASH.” O Cambio de Lima, Peru, proclamava: “PÂNICO EM NOVA IORQUE, TÓQUIO E LONDRES!” The Australian Financial Review, de Sídnei, asseverava que Wall Street tinha “caído com um baque, equivalente a um touro morto, jogado lá de cima do prédio Empire State”. Mas como apontou o ex-chanceler Schmidt, estas bolsas em queda significavam mais do que uma confusão de números e manchetes sensacionalistas. O “crash” significava reais perdas para muitos que tiveram de vender suas ações na baixa. Economias de toda uma vida, fundos de pensão, reservas feitas para a aposentadoria, planos de comprar uma casa, planos para cuidar dos filhos — tudo se mostrou vulnerável na tempestade financeira.
O otimismo do “mercado de touro” em disparada que levou ao “crash” somente agravou as coisas. O número de investidores diretos das bolsas de valores dos EUA quase que dobrou entre 1975 e 1985. Nesse mesmo período, o número dos que possuíam ações indiretamente, por meio de fundos de pensão, seguradoras e bancos, tinha aumentado em quase 35 milhões. O “mercado de touro” em ascensão atraiu investidores como o mel atrai moscas. Muitos investiram tarde demais, pagaram muito caro pelas ações, e não puderam sair a tempo do mercado.

Um “crash” global

O DIA 19 DE OUTUBRO DE 1987 foi, deveras, um dia estranho em nosso planeta. Naquele dia, desencadeou-se uma tempestade que varreu o globo e provocou devastação em dezenas de nações. Todavia, essa tempestade não incluía vento algum. Não mandou chuvas muito fortes, não fez nenhuma casa desabar, não matou ninguém. Nesse dia, um “crash” [ou, craque] reverberou por todo o mundo, e, por algum tempo, um touro atacante tornou-se como que um urso fugitivo.
Tempestades sem vento? Touros que se transformam em ursos? Como talvez saiba, esta tempestade nada teve que ver com a condição meteorológica da Terra, mas, antes, com sua economia. O dia 19 de outubro foi o dia do agora famoso “Crash” de 1987, quando a bolsa de valores de Wall Street apresentou a mais acentuada e mais rápida queda em sua história, lançando o pânico ao redor do mundo. O mercado parou de subir vertiginosamente (um “bull market” [mercado de touro]), e, temporariamente, precipitou-se loucamente colina abaixo (um “bear market” [mercado de urso]).
Ao passo que o “crash” não fez barulho real, e o “urso” não tinha garras verdadeiras, as vítimas foram reais. Um repórter de Zurique ouviu um homem clamar: “Estou arruinado, totalmente arruinado”, e comentou que o pessoal do distrito financeiro que lia os jornais parecia como se estivesse lendo suas próprias notas de falecimento. Em Hong Kong, o pânico atingiu um tom tão febril que a bolsa fechou durante quatro dias. Ela sofreu muito mais com o “crash” do que qualquer outra bolsa, perdendo cerca de 33 por cento de seu valor. Só um comerciante de Hong Kong perdeu US$ 124 milhões. Em Nova Iorque, uma viúva de 63 anos verificou, não só que o “crash” tinha arrasado o valor de sua carteira de ações, mas também que ela agora devia mais de US$ 400.000 ao seu corretor!

domingo, 20 de junho de 2010

Invista com cautela

A aparente facilidade de negociar ações via Internet e obter acesso a informações antes reservadas aos operadores e profissionais da área fez com que muitos investidores passassem a negociar do terminal do seu computador, comprando e vendendo ações por período integral. Alguns abdicaram de carreiras lucrativas para trabalhar nisso o dia inteiro. O que os levou a isso? “O atrativo é óbvio”, explica a revista Money. “A pessoa não tem chefe, tem todo o controle sobre como e quando negociar, e tem um potencial — pelo menos é o que lhe parece — de ganhar muito dinheiro.” A revista cita um homem de 35 anos que largou um emprego com renda de 200.000 dólares anuais para negociar ações em casa. “De que outra forma você poderia livrar-se de estoques, de funcionários, não pagar aluguel e ganhar a vida só clicando no mouse?”
Os especialistas alertam que negociar ações não é tão fácil quanto pode parecer a um novo investidor. Certo psiquiatra especializado em lidar com casos de estresse relacionados com a bolsa diz: “As pessoas se iludem achando que negociar ações é fácil, mas gostaria de alertar que é a maneira mais difícil de ganhar dinheiro rápido.” O fluxo infindável de notícias e conselhos financeiros tem os seus efeitos adversos. Paul Farrell, já citado, diz: “A implacável onda de informações que passa em ritmo frenético diante do aplicador — tanto o investidor que trabalha para si como o que trabalha para uma instituição — está tendo um grande impacto psicológico: nervos à flor da pele, frustração, estresse.”
O excesso de confiança também pode ser um laço. A colunista financeira Jane Bryant Quinn alerta sobre uma atitude perigosa entre os investidores: ‘Se você acha que domina a situação — ou o mouse — pode acabar se saindo mal. Você acha que sempre poderá intervir em tempo.” Ela acrescenta: “Por termos acesso a informações usadas pelos profissionais, começamos a achar que somos profissionais.” Apesar das histórias amplamente publicadas de investidores que ficaram ricos de um dia para outro no mercado de ações, negociar ações tem riscos inerentes. Alguns investidores tiveram sucesso. Outros sofreram grandes perdas.
Os consultores de investimentos aconselham prospectivos investidores a examinar os antecedentes e as perspectivas de uma empresa, a demanda por seus produtos, a competição de outras empresas e vários outros fatores antes de decidir comprar suas ações. Essas informações com freqüência podem ser conseguidas mediante corretoras e outras instituições financeiras. Muitos investidores procuram aconselhamento financeiro antes de comprar ações. Analisando o ramo de uma empresa, um investidor pode também ter certeza de que seu dinheiro não será usado para apoiar um empreendimento que contraria a ética. — Veja Despertai! de 8 de julho de 1962, páginas 21-3.

Comprando um ‘pedaço do bolo’

As empresas precisam de capital, ou dinheiro investido, para operar. Quando uma empresa prospera e precisa de um grande capital, a direção talvez decida lançar suas ações no mercado. Certo guia explicativo do mercado de ações ilustra isso da seguinte forma: “As ações são como pedaços do bolo corporativo. Quando você compra ações, ou títulos, você se torna dono de uma fatia da empresa.”
Numa feira, compradores e vendedores fazem transações. De forma similar, a bolsa de valores é uma feira para os que compram e vendem ações. Antes da existência da bolsa de valores, as ações eram negociadas pelos corretores nos cafés e nas calçadas. A Bolsa de Valores de Nova York começou debaixo de um pé de plátano, na Wall Street, 68. Hoje existem bolsas de valores em muitos países. Em qualquer dia da semana, a qualquer hora, existe uma bolsa funcionando em algum lugar do mundo.
Para negociar ações, um investidor em geral abre uma conta com uma corretora e emite uma ordem. Hoje as ordens de compra ou venda de ações podem ser feitas por telefone, via Internet ou pessoalmente. A corretora então precisa executar a ordem do cliente. Se a ação for negociada num pregão tradicional, a corretora manda um de seus operadores comprar ou vender ações para o seu cliente. Em anos recentes algumas bolsas adotaram um sistema de negociação totalmente eletrônico, onde as transações podem ser feitas segundos depois de se emitir uma ordem a uma corretora. As negociações são então registradas num painel eletrônico que atualiza as cotações — preços correntes e detalhes de negociações.
O preço de compra ou venda de ações em geral é determinado pelo pregão. Novidades nos negócios, a rentabilidade e as perspectivas de uma empresa podem influenciar o preço das ações. Os investidores esperam comprar ações a um preço baixo e vendê-las com lucro depois de sua valorização. Uma parte dos lucros da empresa pode também ser dividida entre os acionistas como dividendos. Algumas pessoas compram ações como investimento de longo prazo; outras negociam ações regularmente, esperando lucrar com os grandes aumentos que podem ocorrer em pouco tempo.
Embora a negociação de ações tenha sido feita tradicionalmente por telefone, a negociação on-line (a compra e venda de ações pela Internet) tem ficado cada vez mais popular. O jornal The Financial Post diz que o número das negociações on-line nos Estados Unidos “aumentou de cerca de 100.000 por dia em 1996 para quase 500.000 em fins de junho [de 1999] com quase 16% de todas as negociações nos Estados Unidos sendo feitas eletronicamente”. Na Suécia cerca de 20% de todas as negociações de ações em 1999 foram feitas pela Internet.

Convém investir em ações?

“Um número recorde de pessoas está investindo na bolsa.” — Newsweek, 5 de julho de 1999.
O PREGÃO de uma bolsa de valores tradicional mais parece um mercado caótico. Empregam-se gestos misteriosos (para o leigo), mensagens codificadas em painéis eletrônicos são atualizadas em ritmo acelerado e cada operador procura falar mais alto do que os demais para ser ouvido em meio à agitação.
Mas hoje muitos que não entendiam nada de bolsa de valores estão investindo em ações. Qual a explicação? Uma das razões é que a Internet permitiu aos investidores acessar rapidamente notícias financeiras, conselhos sobre investimentos e corretoras de valores. Paul Farrell, editor-chefe do Wall Street News, escreve: “Para [o investidor], investir via ciberespaço é a nova fronteira, a nova corrida do ouro, a liberdade de ter autonomia, com a oportunidade de se tornar financeiramente independente trabalhando em casa.”
Por outro lado, alguns consultores financeiros ficam alarmados com a ânsia de muitos de investir num mercado que talvez não conheçam bem. Certo corretor de investimentos com mais de 38 anos de experiência no mercado de títulos disse à Despertai!: “Cada vez mais pessoas estão comprando ações como especuladores, não como investidores. Alguns talvez chamem isso de investimento, mas eles não sabem nada sobre a empresa [cujas ações] estão comprando e vendendo.”
Que fatores deve pesar antes de investir seu dinheiro? Visto que a negociação de ações envolve certa medida de risco, pode-se classificá-la como jogatina? Antes de mais nada, consideremos como funciona o mercado de ações.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Falsificação de cheques de pagamento salarial

Com o advento da impressão informatizada, por meio da qual se pode duplicar praticamente qualquer papel-moeda com toda a perfeição, o que veio a seguir foi inevitável. Os falsários agora podem duplicar uma ampla gama de documentos: passaportes, certidões de nascimento, carteiras de imigração, cautelas de ações, ordens de compra, prescrições médicas e uma infinidade de outros documentos. Mas o maior dividendo de todos nos Estados Unidos havia de ser tirado da duplicação de cheques de pagamento salarial.

A técnica é notavelmente simples. Uma vez que um cheque de pagamento salarial de uma grande empresa, com milhões de dólares em depósitos em bancos da localidade ou de outras partes do Estado, caia nas mãos do falsário, ele já pode atuar. Com a impressora, o scanner óptico e outros equipamentos eletrônicos à sua disposição, ele pode alterar o cheque como queira. Pode mudar a data, trocar o nome do favorecido pelo seu nome e acrescentar zeros ao valor a ser pago. O passo seguinte é imprimir o cheque de pagamento salarial na impressora a laser, em papel comprado na papelaria mais próxima, da mesma cor do cheque. Depois de imprimir de uma só vez dezenas de falsificações, ou mais, ele pode embolsar os valores em qualquer agência bancária e em qualquer cidade.

Segundo executivos de bancos e autoridades de repressão ao crime, é tão grande a proliferação da falsificação de cheques por esse meio simples e barato que o custo para a economia pode chegar a um bilhão de dólares. Num caso de incrível ousadia, disse o jornal The New York Times, uma gangue sediada em Los Angeles viajou pelo país embolsando o valor de milhares de cheques de pagamento salarial em bancos, num total de mais de dois milhões de dólares. Analistas da indústria calculam que o custo total, anual, de fraudes em cheques de pagamento salarial seja agora de 10 bilhões de dólares só nos Estados Unidos. “O crime n.° 1 para as instituições financeiras”, disse uma autoridade do FBI, “são os instrumentos negociáveis falsificados, como cheques de pagamento salarial e ordens de pagamento”.

Cartões de crédito e cheques de pagamento salarial: verdadeiros ou falsificados?

COMO são práticos! Tão pequenos, tão fáceis de levar! E cabem direitinho na carteira ou na bolsa. Sem um centavo sequer no bolso, você pode comprar um mundo de coisas. O uso do cartão de crédito é incentivado e divulgado por companhias aéreas e marítimas, hotéis e estâncias turísticas no mundo todo. A mensagem é: “Não saia de casa sem ele.” Há estabelecimentos que preferem cartão de crédito a dinheiro vivo. Cartão de crédito pode ser substituído, se roubado ou perdido; dinheiro não. Ele é seu dinheiro personalizado, com nome e conta bancária gravados na frente.

Você os conhece como dinheiro de plástico: cartões de crédito e de compras. Em 1985, alguns bancos introduziram sofisticados hologramas a laser, que parecem ser em três dimensões, e outros dispositivos de segurança, que vão de códigos especiais na faixa magnética atrás do cartão a uma marca invisível que é vista sob luz ultravioleta. Tudo isso como proteção contra a falsificação! Calcula-se que haja no mundo mais de 600 milhões de cartões de crédito em circulação.

Imagina-se que as perdas, no mundo todo, resultantes de várias formas de fraude de cartões de crédito no começo da década de 90, tenham sido de no mínimo um bilhão de dólares. Dessas várias formas de fraude, consta que a falsificação é a que mais cresce — pelo menos 10% do total das perdas.

Em 1993, por exemplo, a falsificação custou aos bancos associados de uma das maiores administradoras de cartões de crédito 133,8 milhões de dólares, um aumento de 75% sobre o ano anterior. Outra importante administradora de cartões de crédito, de âmbito internacional, também relatou perdas extraordinárias por causa da falsificação. “Isso torna a falsificação de cartões de crédito um grande problema não só para os bancos, administradoras de cartões de crédito e comerciantes que os aceitam como também para os consumidores no mundo todo”, disse um jornal da Nova Zelândia. Embora os verdadeiros donos dos cartões não sejam responsáveis pelas perdas, os custos são inevitavelmente passados para os consumidores.

E os dispositivos de segurança (como hologramas a laser e faixas magnéticas codificadas) que serviam como barricada para deter o avanço dos falsários? Um ano após a introdução desses dispositivos, as primeiras falsificações grosseiras começaram a aparecer. Pouco depois, todos os dispositivos de segurança foram imitados ou estavam comprometidos. “É preciso aprimorar sempre”, disse uma autoridade de um banco de Hongcong. “Os trapaceiros estão sempre tentando passar na sua frente.”

É interessante que, segundo os especialistas, metade das perdas causadas pela falsificação de cartões de crédito no começo da década de 90 ocorreu na Ásia, e aproximadamente metade disso em Hongcong. “Hongcong é para os cartões de crédito falsificados o que Paris é para a alta-costura”, disse um especialista. Outros acusam Hongcong de ser a capital mundial da falsificação de cartões de crédito — “o ponto central do ‘triângulo do plástico’ da fraude de cartões de crédito, que também inclui a Tailândia, a Malásia e agora o sul da China”. “A polícia de Hongcong diz que os sindicatos locais ligados a tríades chinesas do crime organizado imprimem, gravam e põem códigos em cartões falsificados usando números fornecidos por varejistas corruptos. Depois eles simplesmente despacham os cartões falsificados para o exterior”, disse o jornal da Nova Zelândia.

“Uma máquina de gravação de cartões de crédito, comprada [no Canadá] por integrantes de gangues da Ásia, está sendo usada para a fabricação de cartões falsificados. A máquina imprime 250 cartões de crédito por hora, e a polícia acredita que ela esteja sendo usada numa fraude de milhões de dólares”, noticiou o jornal canadense Globe & Mail. Nos últimos anos, chineses de Hongcong foram presos pelo uso de cartões de crédito falsos em pelo menos 22 países da Áustria à Austrália, entre os quais Guam, Malásia e Suíça. Os cartões de crédito japoneses são os mais visados porque são os que dão aos usuários os limites mais elevados de compra.

O aumento nos embustes e falsificações de cartões de crédito implica em “as administradoras de cartões serem obrigadas a dividir entre os usuários o custo do crescente número de fraudes”, disse uma autoridade de um banco no Canadá. E assim vai. O cartão de crédito pode mesmo ser prático e a salvação quando o usuário está sem dinheiro em mãos. Lembre-se, porém, de que tudo o que os falsários precisam para agir é do número de sua conta bancária e da data em que o cartão expira. “É dinheiro de plástico”, alertou o chefe regional de segurança da American Express International, “mas as pessoas ainda não o tratam com a mesma prudência que dispensam ao dinheiro vivo”.

“O sistema apresenta muitos pontos vulneráveis”, disse um superintendente de polícia. “E os patifes já descobriram cada um deles. Rapaz, eles exploram esses pontos vulneráveis sem nenhum dó”, foi o que ele disse sobre os falsários.

“Paz e Segurança” no Mundo Financeiro?

O Times de Nova Iorque, de 10 de outubro de 1982, afirmou que “pessoas que freqüentam círculos fechados predizem que o medo de um colapso nas finanças internacionais por fim levará as partes a um acordo”. Durante o colapso econômico dos anos 30, contudo, as nações evitaram a cooperação e, em vez disso, “procuraram escudar-se contra a prolongada tormenta econômica mundial sem considerar os efeitos prejudiciais de suas ações sobre outros países”. E há pouca indicação de que as nações tenham mudado de atitude. Governos afligidos pela inflação, por exemplo, têm permitido que as taxas de juros subam, sem considerar os efeitos devastadores que isso tem causado às nações mais pobres.

Não obstante, a Bíblia anuncia que em breve líderes proeminentes pedirão “Paz e segurança!” (1 Tessalonicenses 5:3) Até que ponto isso envolverá algum tipo de mixórdia econômica mundial resta saber. No ínterim, como lidar com a instável economia mundial?

Dominó Global?

De modo que os economistas temem que esses fatores possam contribuir para produzir um efeito de dominó mundial. Suponha que um país, ou um bom número de grandes empresas venham a falir. Um ou dois grandes bancos poderiam ir à bancarrota. Isso, por sua vez, poderia assustar depositantes de outros bancos, que poderiam desencadear um frenesi de saques bancários. Visto que os bancos mantêm apenas uma módica quantia de dinheiro em caixa, poderia haver uma maciça crise de liquidez. Os banqueiros correriam desesperadamente atrás de dinheiro. Essa reação em cadeia poderia se expandir e provocar um colapso econômico mundial!

Os banqueiros, contudo, dizem que tais acontecimentos são improváveis. David Rockefeller, ex-presidente do Chase Manhattan Bank, dos EUA, afirmou numa entrevista recente que o sistema bancário “é muito seguro”. “Os bancos fazem muitos negócios uns com os outros, de modo que há tremenda interdependência”, é verdade. Mas, ele acha “muito improvável” que tal efeito de dominó global derrube o sistema bancário mundial. Visto que o sucesso do sistema bancário reside na confiança do público, contudo, é compreensível que líderes bancários falem com tanto otimismo.

‘Mas um país certamente não permitiria que seus grandes bancos falissem’, talvez diga. Mas é exatamente isso o que o Banco Central da Itália fez! A falência do Banco Ambrosiano recebeu muita publicidade por causa de sua conexão íntima com o Vaticano. Quando esse banco envolvido em escândalo faliu, o Banco da Itália, para surpresa e consternação de banqueiros europeus, retirou seu apoio. Os banqueiros temem que isso possa ter estabelecido um precedente perigoso.

Para Onde Foi o Dinheiro

Lembre-se do levantamento cabal que fizeram a seu respeito na última vez que pediu um pequeno empréstimo bancário. Surpreendentemente, os bancos nem sempre são tão prudentes assim quando grandes quantias de dinheiro estão em jogo. Por exemplo, o México, com suas grandes reservas de petróleo, facilmente obteve uns 57 bilhões de dólares em empréstimos. Daí veio o aumento mundial nas taxas de juros e a queda nos preços do petróleo. O México ficou à beira da falência. Ocorreu um mini-pânico entre investigadores bancários à medida que corriam rumores de que o México talvez deixasse de pagar esses enormes empréstimos. Foram, pois, tomadas medidas de emergência para injetar ainda mais dinheiro naquele país. Embora uma crise possa ter sido evitada, outros países, como a Polônia e o Brasil, também estão tendo dificuldades em pagar suas enormes dívidas.

Outros bilhões são investidos nos negócios. Em tempos passados, grandes empresas financiavam suas organizações por venderem ações (empréstimos a longo prazo) ao público. Mas quando as taxas de juros aumentaram, os investidores venderam suas ações e investiram em áreas mais rendosas. As empresas viram-se obrigadas a recorrer a empréstimos bancários a curto prazo e com juros altos. Os bancos, porém, poderiam perder uma fortuna se essas empresas falissem. A recente falência da Government Securities Corporation, uma empresa de Drysdale, é um exemplo assustador de quão vulneráveis são os bancos — custou-lhes 285 milhões de dólares!

Seu dinheiro — está seguro no banco?

‘COMEÇARAM a fazer fila na segunda-feira de manhã. Enfrentaram um frio rigoroso e uma espera de umas cinco horas. As calmas afirmações de executivos bancários, economistas e líderes políticos, garantindo segurança, apenas aumentaram a sensação de pânico. Em toda a nação, na verdade em todo o mundo, uma sempre crescente multidão assedia os bancos com a mesma exigência — QUEREMOS O NOSSO DINHEIRO!’

Será essa a notícia que lerá algum dia no futuro próximo? O The Wall Street Journal recentemente citou o economista Alan Greenspan como tendo dito que “as possibilidades de uma perigosa falência [bancária] são as maiores em meio século”. Por quê?