sábado, 22 de maio de 2010

Por que ocorrem falências de bancos

EM 1970, quando o Banco do Havaí, EUA, abriu uma filial na ilha de Yap, na Micronésia, teve de enfrentar um problema: como convencer o povo de Yap a depositar seu dinheiro no banco. “Tivemos algumas reuniões dos munícipes e começamos com as coisas básicas”, explicou o alto funcionário de banco Dominic B. Griffin III. “Nas economias de subsistência, qualquer coisa pode ser dinheiro. Tivemos de explicar por que um porco não era dinheiro, mas que a assinatura num pedaço de papel era.”

Esse problema sublinha um ponto básico: O moderno sistema bancário se baseia na confiança. Fundamenta-se na confiança que as pessoas — indivíduos bem como empresas — têm nos bancos com que transacionam e nas agências governamentais que os apóiam.

Yap já tinha um banco — o banco do dinheiro de pedra. Desde priscas eras, sua cultura tinha empregado enormes rodas de pedra como moeda. São tão grandes que não se precisava de nenhum cofre para guardá-las ou protegê-las. Antes, são roladas junto das paredes e das árvores ao longo duma estrada que parte de Colonia. Lavradas nas ilhas de Belau, a sudoeste de Yap, seu valor era determinado de acordo com a dificuldade que se tinha para obtê-las e trazê-las a Yap em pequenas canoas. O dinheiro de pedra jamais é movimentado. Todos estão a par de cada pedra e de sua história. Transfere-se a propriedade (mas não a pedra mesma) de uma família para outra, à medida que se adquirem terras ou produtos.

Yap, então, teve de ser literalmente levada da “idade da pedra” para a era dos modernos bancos eletrônicos, de ser apresentada aos cheques e às contas de poupança, ao câmbio de moedas, aos bônus de poupança e às remessas telegráficas. As pessoas tiveram de aprender o valor de pedacinhos impressos de papel e de confiar nos bancos que iriam cuidar do dinheiro que elas não podiam ver.

Tal situação existe em todo o mundo, hoje em dia. Ninguém realmente pede a um banco que mostre seu dinheiro. Com efeito, a maioria das transações ocorre de forma eletrônica, ou por meio dum cheque. As pessoas têm fé que os bancos apresentarão os fundos prometidos, caso isto lhes seja pedido, ou quando o prazo das contas se esgota. Todavia, os bancos realmente têm em seus cofres apenas o dinheiro necessário para as retiradas diárias de rotina. Sabem, por experiência, exatamente quanto dinheiro é necessário para uma época, ou estação específica. Onde, então, fica todo o resto do dinheiro?

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