sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cartões de crédito e cheques de pagamento salarial: verdadeiros ou falsificados?



COMO são práticos! Tão pequenos, tão fáceis de levar! E cabem direitinho na carteira ou na bolsa. Sem um centavo sequer no bolso, você pode comprar um mundo de coisas. O uso do cartão de crédito é incentivado e divulgado por companhias aéreas e marítimas, hotéis e estâncias turísticas no mundo todo. A mensagem é: “Não saia de casa sem ele.” Há estabelecimentos que preferem cartão de crédito a dinheiro vivo. Cartão de crédito pode ser substituído, se roubado ou perdido; dinheiro não. Ele é seu dinheiro personalizado, com nome e conta bancária gravados na frente.

Você os conhece como dinheiro de plástico: cartões de crédito e de compras. Em 1985, alguns bancos introduziram sofisticados hologramas a laser, que parecem ser em três dimensões, e outros dispositivos de segurança, que vão de códigos especiais na faixa magnética atrás do cartão a uma marca invisível que é vista sob luz ultravioleta. Tudo isso como proteção contra a falsificação! Calcula-se que haja no mundo mais de 600 milhões de cartões de crédito em circulação.

Imagina-se que as perdas, no mundo todo, resultantes de várias formas de fraude de cartões de crédito no começo da década de 90, tenham sido de no mínimo um bilhão de dólares. Dessas várias formas de fraude, consta que a falsificação é a que mais cresce — pelo menos 10% do total das perdas.

Em 1993, por exemplo, a falsificação custou aos bancos associados de uma das maiores administradoras de cartões de crédito 133,8 milhões de dólares, um aumento de 75% sobre o ano anterior. Outra importante administradora de cartões de crédito, de âmbito internacional, também relatou perdas extraordinárias por causa da falsificação. “Isso torna a falsificação de cartões de crédito um grande problema não só para os bancos, administradoras de cartões de crédito e comerciantes que os aceitam como também para os consumidores no mundo todo”, disse um jornal da Nova Zelândia. Embora os verdadeiros donos dos cartões não sejam responsáveis pelas perdas, os custos são inevitavelmente passados para os consumidores.

E os dispositivos de segurança (como hologramas a laser e faixas magnéticas codificadas) que serviam como barricada para deter o avanço dos falsários? Um ano após a introdução desses dispositivos, as primeiras falsificações grosseiras começaram a aparecer. Pouco depois, todos os dispositivos de segurança foram imitados ou estavam comprometidos. “É preciso aprimorar sempre”, disse uma autoridade de um banco de Hongcong. “Os trapaceiros estão sempre tentando passar na sua frente.”

É interessante que, segundo os especialistas, metade das perdas causadas pela falsificação de cartões de crédito no começo da década de 90 ocorreu na Ásia, e aproximadamente metade disso em Hongcong. “Hongcong é para os cartões de crédito falsificados o que Paris é para a alta-costura”, disse um especialista. Outros acusam Hongcong de ser a capital mundial da falsificação de cartões de crédito — “o ponto central do ‘triângulo do plástico’ da fraude de cartões de crédito, que também inclui a Tailândia, a Malásia e agora o sul da China”. “A polícia de Hongcong diz que os sindicatos locais ligados a tríades chinesas do crime organizado imprimem, gravam e põem códigos em cartões falsificados usando números fornecidos por varejistas corruptos. Depois eles simplesmente despacham os cartões falsificados para o exterior”, disse o jornal da Nova Zelândia.

“Uma máquina de gravação de cartões de crédito, comprada [no Canadá] por integrantes de gangues da Ásia, está sendo usada para a fabricação de cartões falsificados. A máquina imprime 250 cartões de crédito por hora, e a polícia acredita que ela esteja sendo usada numa fraude de milhões de dólares”, noticiou o jornal canadense Globe & Mail. Nos últimos anos, chineses de Hongcong foram presos pelo uso de cartões de crédito falsos em pelo menos 22 países da Áustria à Austrália, entre os quais Guam, Malásia e Suíça. Os cartões de crédito japoneses são os mais visados porque são os que dão aos usuários os limites mais elevados de compra.

O aumento nos embustes e falsificações de cartões de crédito implica em “as administradoras de cartões serem obrigadas a dividir entre os usuários o custo do crescente número de fraudes”, disse uma autoridade de um banco no Canadá. E assim vai. O cartão de crédito pode mesmo ser prático e a salvação quando o usuário está sem dinheiro em mãos. Lembre-se, porém, de que tudo o que os falsários precisam para agir é do número de sua conta bancária e da data em que o cartão expira. “É dinheiro de plástico”, alertou o chefe regional de segurança da American Express International, “mas as pessoas ainda não o tratam com a mesma prudência que dispensam ao dinheiro vivo”.

“O sistema apresenta muitos pontos vulneráveis”, disse um superintendente de polícia. “E os patifes já descobriram cada um deles. Rapaz, eles exploram esses pontos vulneráveis sem nenhum dó”, foi o que ele disse sobre os falsários.

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