sexta-feira, 28 de maio de 2010

Enlaçados Pelo Gigantismo




Esta conversa real, de hora de almoço, entre Earl e Mr. Kinley é comum onde quer que os homens se sintam enlaçados no mundo comercial moderno, não raro em gigantescas firmas. É um laço que poucos parecem conseguir desatar. Estavam, segundo Mr. Kinley refletiu, agitando dois punhos inúteis diante do rosto do Comercialismo. Tal rosto é formado de linhas de ganância traçadas em aço, transfixadas por um espírito definido por certo diretor de uma gigantesca aciaria, conforme citado por Fortune: “Não negociamos para fabricar aço, não negociamos para fabricar navios, não negociamos para construir edifícios. Negociamos para ganhar dinheiro.

O crescimento, pela expansão, pela fusão, por qualquer meio, é a via consagrada para lucros e mais lucros.

Uma sociedade em que a mola mestra é o lucro oriundo do crescimento gera uma corrida competitiva entre as firmas, acelerando-as para a condição de gigantismo. Desvanece a influência do pequeno negociante cujo empório era seu império, do artesão cuja perícia era sua riqueza, do lavrador que possuía seus próprios hectares e era auto-suficiente em grande parte. “Esta é a era da firma ampla, de muitos bilhões de dólares”, escreve Fred J. Cook, em seu livro The Corrupted Land (A Terra Corrompida). “A era se torna, cada vez mais, a era do computador e da automatização. . . . O resultado não só tem sido que a pessoa se viu forçada a uma existência de corporação, mas também que a pequena corporação teve de transformar-se numa maior. Este impulso irreversível para a criação de estruturas de poder cada vez mais espantosas tem caracterizado a inteira era posterior à Segunda Guerra Mundial.”

De 1950 a 1960, mais de mil das grandes firmas estadunidenses se fundiram. O ritmo foi acelerado na década de 1960. Bem mais de dois terços da indústria dos EUA (transportes, manufaturas, mineração e utilidades públicas) atualmente se acham controlados por apenas algumas centenas de corporações. Apenas 316 manufaturas empregam 40 por cento de todos os estadunidenses que trabalham. Em tal mundo, observa Cook, a vontade individual cede, e sua consciência se atrofia.

Para o autor Erich Fromm, trata-se duma atemorizante inversão da ordem: “O que estão vivas são as organizações, as máquinas;  . . . o homem se tornou seu escravo, ao invés de ser seu amo.” Os homens se tornam meros dentes de engrenagem bem lubrificados: “A lubrificação é feita por meio de salários mais altos, benefícios adicionais, fábricas bem ventiladas e música de fundo, e por meio de psicólogos e peritos em relações humanas; . . . nenhum dos seus sentimentos ou de suas idéias se origina nele mesmo; nenhum é autêntico. Ele não possui convicções, quer em política, religião, filosofia. . . . Ele se identifica com os gigantes e os idolatra como verdadeiros representantes de seus próprios poderes humanos, aqueles dos quais ele mesmo se desfez.”

Nenhum comentário: