sexta-feira, 28 de maio de 2010

Doença Causada Pela Tensão

Mr. Kinley sabia bem no íntimo que os sinais de perigo em seu sistema nervoso estavam bradando “crise”. Os comerciantes que mostram suas úlceras como medalhas de honra dispõem dum eufemismo para isso — a palavra “tensão”.

Que ajuda poderia obter ele do psicólogo da firma? Mr. Kinley sabia o que este aconselharia: “Deixe seus escrúpulos de lado e faça o jogo comercial segundo suas próprias regras.” Em seu livro Business as a Game (Comércio Como um Jogo), Albert Z. Carr afirma: “Os homens cujas decisões e ações econômicas estão sobrecarregadas de sentimentos pessoais acham difícil suportar a tensão dos negócios.” Aconselha os comerciantes a reservar seus escrúpulos para a vida cotidiana, porque “a estratégia dos negócios difere substancialmente dos ideais da vida privada”. Andrew M. Hacker, num artigo intitulado “Como Se Faz um Presidente [duma Corporação]”, anui: “Como ele reage a este desafio [de fechar os olhos a um produto de qualidade inferior] será notado por seus superiores.” Não só o homem que é escrupuloso demais para “fazer o jogo” dificilmente se tornará presidente, mas, como Carr adiciona: “Ele ficará feliz se puder manter qualquer cargo de diretor e conseguir evitar a doença causada pela tensão.”

Os diretores aflitos, todos em seus trinta e quarenta anos, se sobreviveram, competiram num mundo que exige consecuções. Constante impulso afirmativo os põe a caminho num ritmo que, por fim, toma conta de suas inteiras personalidades. Daí, ao atingirem seus cinqüenta e poucos anos, verificam ser-lhes impossível frear o passo, descontrair-se, ajustar-se ao processo de envelhecimento. Aqueles que não conseguem enfrentar a realidade, diz o Professor William E. Henry, da Universidade de Chicago, “literalmente correm para a morte”.

A empresa moderna não raro move os homens incessante e implacavelmente, para um estado agitado de atitudes destrutivas em seu interior — medo, ódio, ira, ciúme, suspeita, frustração, inveja, culpa, insegurança, dúvida de si.

Mr. Kinley verificava que se sentia não só tenso, nervoso e irritadiço, mas, o que é pior de tudo, exausto. Era uma espécie de exaustão soturna e desoladora. Não podia fechar a porta de suas contrariedades comerciais no fim do dia e expulsá-las da mente em sua casa. Uma ressaca de exaustão, que se vai acumulando desde segunda-feira até que, por volta do fim-de-semana, ele precisava de sábado e domingo apenas para descansar e recuperar-se.

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