quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um “crash” global

O DIA 19 DE OUTUBRO DE 1987 foi, deveras, um dia estranho em nosso planeta. Naquele dia, desencadeou-se uma tempestade que varreu o globo e provocou devastação em dezenas de nações. Todavia, essa tempestade não incluía vento algum. Não mandou chuvas muito fortes, não fez nenhuma casa desabar, não matou ninguém. Nesse dia, um “crash” [ou, craque] reverberou por todo o mundo, e, por algum tempo, um touro atacante tornou-se como que um urso fugitivo.
Tempestades sem vento? Touros que se transformam em ursos? Como talvez saiba, esta tempestade nada teve que ver com a condição meteorológica da Terra, mas, antes, com sua economia. O dia 19 de outubro foi o dia do agora famoso “Crash” de 1987, quando a bolsa de valores de Wall Street apresentou a mais acentuada e mais rápida queda em sua história, lançando o pânico ao redor do mundo. O mercado parou de subir vertiginosamente (um “bull market” [mercado de touro]), e, temporariamente, precipitou-se loucamente colina abaixo (um “bear market” [mercado de urso]).
Ao passo que o “crash” não fez barulho real, e o “urso” não tinha garras verdadeiras, as vítimas foram reais. Um repórter de Zurique ouviu um homem clamar: “Estou arruinado, totalmente arruinado”, e comentou que o pessoal do distrito financeiro que lia os jornais parecia como se estivesse lendo suas próprias notas de falecimento. Em Hong Kong, o pânico atingiu um tom tão febril que a bolsa fechou durante quatro dias. Ela sofreu muito mais com o “crash” do que qualquer outra bolsa, perdendo cerca de 33 por cento de seu valor. Só um comerciante de Hong Kong perdeu US$ 124 milhões. Em Nova Iorque, uma viúva de 63 anos verificou, não só que o “crash” tinha arrasado o valor de sua carteira de ações, mas também que ela agora devia mais de US$ 400.000 ao seu corretor!

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