segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ser Equilibrado

Sim, lidar sabiamente com a inflação pode envolver mudanças no estilo de vida. Freqüentemente isso envolve também alterar nosso modo de pensar. Por exemplo, em um país asiático, certo homem economizou o suficiente para comprar dois porcos. Planejou criá-los e desenvolver um pequeno negócio de venda de porcos. Entretanto, chegou a ocasião de uma festa no vilarejo e, visto que era alguém de destaque ali, esperava-se que pagasse a maior parte da alimentação. Suas economias foram gastas, e seu pequeno negócio — que poderia ter sido uma barreira contra a inflação — nunca se materializou.

Na mesma região outro homem tomou emprestado dinheiro a um banco para fazer certas melhorias em sua fazenda. Então, inesperadamente, seu filho se casou. Seguindo o costume do lugar, o homem preparou um banquete de casamento, convidando todo o vilarejo a participar. Se ele fizesse menos ficaria “envergonhado”. Todo o dinheiro do empréstimo bancário foi gasto recepcionando seus vizinhos e agora o banco está movendo uma ação legal contra ele para ter seu dinheiro de volta. Infelizmente, o homem pode até mesmo perder sua fazenda.

Essas experiências demonstram outra faceta da sabedoria em lidar com problemas econômicos. Pode ser necessário ter a coragem de não seguir certos costumes ou tradições que, embora não sejam errados em si mesmos, são muito custosos para serem práticos.

Equilíbrio também é necessário em outro aspecto. Em alguns países são oferecidas oportunidades aos homens para viajar a nações mais ricas em busca de trabalho. Eles podem permanecer fora por períodos de um ano ou mais. Quando os tempos são difíceis, tais oportunidades se tornam irresistíveis. Mas tal passo requer planejamento cuidadoso. Que dizer da família deixada atrás? Os deveres de um homem para com sua família não se limitam ao dinheiro. Quem cuidará de sua esposa ou disciplinará os filhos enquanto ele estiver ausente? Muitos que aceitaram tais contratos de trabalho mais tarde voltaram e viram que seus filhos haviam-se tornado delinqüentes.

Caso similar foi aquele de um homem que trabalhava como cortador de cana-de-açúcar. Quando o preço mundial do açúcar caiu, seu salário foi reduzido e ele não tinha o necessário para pagar suas despesas semanais. Achou que a melhor solução era pedir algum dinheiro emprestado e começar um pequeno negócio de comprar e vender gado e outros produtos. Entretanto, aquele que lhe emprestou o dinheiro insistiu que trabalhasse sete dias por semana e ameaçou que o empréstimo seria pedido de volta se não o fizesse. Agora o homem não tem tempo para cuidar de sua família, ou para fazer qualquer outra coisa além de trabalhar. Sua vida inteira gira em torno do esforço de produzir dinheiro.

Quando sob grande pressão econômica, não seria sábio considerar seus planos com alguém experiente, pessoas maduras em quem você confia? É o que você tem em mente a única solução ao seu problema? Como é que outras pessoas estão lidando com a situação? A Bíblia diz: “Quando não há sugestões sábias, os propósitos não se realizam; mas, havendo vários conselheiros sábios, se tornam certos.” (Pro. 15:22, The Bible in Basic English) “Sugestões sábias” podem ajudá-lo a evitar entrar em dificuldades desnecessárias.

Talvez o segredo básico em lidar com a crise inflacionária seja ter um ponto de vista correto das coisas materiais, para discernir o que é e o que não é importante. Não muito tempo atrás, uma violenta inundação se espalhou por várias províncias do norte das Filipinas, destruindo muitas propriedades. Uma família pobre, quando viu que as águas estavam subindo, refugiou-se num pé de manga. Dali eles viram o redemoinho de águas levar embora sua frágil casa, seus poucos porcos e galinhas — toda sua possessão material. Qual a reação deles? Deram graças a Deus de que ainda estavam vivos. Agradeceram por ainda possuírem seu bem mais precioso: a vida.

Um dos vizinhos dessa família era muito rico. Possuía campos nos quais uma grande colheita de arroz estava para ser feita. Quando veio a inundação, a safra inteira foi destruída. Mesmo depois do desastre, esse homem provavelmente era ainda muito mais rico que seus vizinhos pobres, mas sua perda havia sido maior. Sua mente não podia suportar a tensão e o desafortunado homem sofreu um desequilíbrio mental.

Uma tragédia pode mudar nosso estilo de vida numa fração de segundo, enquanto que a inflação nos rouba vagarosa e insidiosamente. O resultado, entretanto, pode ser o mesmo. Se nós valorizamos demais o nosso padrão de vida atual, poderemos sacrificar muito no esforço de preservá-lo.

Na verdade, a maioria das pessoas que se acostumou às facilidades da civilização não desistiria delas voluntariamente. Apesar disso, podemos viver sem muitas delas. Lidar sabiamente com o problema da inflação pode envolver fazer exatamente isso cada vez mais, à medida que o tempo passa.

Ajustes Que Alguns Fazem

Robert Fuller, no seu artigo intitulado “Inflação: O Crescente Custo de Vida num Pequeno Planeta” (conforme citado no jornal filipino Bulletin Today), disse: “Como a deficiência de respiração no curso normal das atividades diárias, a inflação é um sinal de que devemos mudar nosso padrão de vida.” Isto é verdadeiro tanto para nações como para pessoas individuais.

Algumas pessoas começaram a examinar seu modo de vida. Estão questionando seriamente a maneira como vivem. Em vez de pagar preços inflacionados, muitos estão decidindo fazer as coisas eles mesmos. Nos Estados Unidos, famílias começaram a cultivar alimentos em seus jardins, consertar roupas ao invés de comprar novas, efetuar elas mesmas os consertos no lar e sua decoração. Se algo que consideram não essencial — como um aparelho de TV — não pode ser reparado facilmente, ficam sem ele.

Nas Filipinas, alguns têm dito que estão reduzindo o fumo e a bebida para poder lidar com a inflação. Isto é mover-se na direção certa. Também mencionaram que cortaram os refrigerantes. Algumas vezes andam a pé, em vez de usar os transportes públicos. Adicionalmente, em vez de pagar para alguma diversão familiar, levam suas crianças para uma brincadeira no parque. Verdadeiramente, “as melhores coisas na vida são grátis”. Tais coisas são também imunes à inflação.

Uma Reação Tola

A inflação faz muitos ficarem amedrontados. A Revista filipina Panorama declarou que, por causa da inflação, “existe uma privação física nacional, real, e, com ela, medo. Perderemos nosso emprego amanhã? . . . Podemos suportar a tirania econômica de nosso tempo”? Esse medo pode levar as pessoas a agir tolamente.

Um artigo em U.S. News & World Report comentou: “Lutando para manter seu estilo de vida apesar da inflação de dois dígitos e a profunda recessão, um crescente número de americanos da classe média está-se introduzindo no crime.” Ele continua por mostrar que uma grande quantidade de “cidadãos normalmente respeitadores da lei” agora engaja em crimes tais como passar cheques sem fundo, fraude, roubo de lojas e sonegação de impostos. Faz-se a observação: “Eles não são maus. Estão ganhando menos em dólares reais e pagando mais pela energia, mais pelo aluguel, mais pela comida. Eles se perguntam como . . . você pode reduzir?”

Recorrer a tais crimes para evitar cortes no orçamento não é uma solução sábia. Furtar pode trazer alívio momentâneo das dificuldades econômicas, mas não as soluciona. Uma vez seja gasto o dinheiro roubado, o problema volta novamente. Se o ladrão for pego, o constrangimento e a vergonha são adicionados aos seus problemas. Lamentavelmente, o crescimento de crimes tais como assalto e furto tem aumentado a dimensão de incerteza e terror na vida de todas as pessoas ao redor do mundo, incluindo os pobres.

Certo provérbio de Salomão, que expressa sabedoria divina, diz: “Não fiques invejoso do homem de violência, nem escolhas a quaisquer dos seus caminhos.” E aponta para uma forte razão para evitar tal conduta, dizendo: “Porque a pessoa sinuosa é algo detestável para Deus, mas ele tem intimidade com os retos.” (Pro. 3:31, 32) Existem melhores meios do que o crime para se lidar com a inflação.

A crise da inflação — lide com ela sabiamente

“CASO continue neste ritmo por muito tempo, chegará a ocasião em que ninguém poderá comer. Em vez de apertando os cintos vamos ver pessoas comendo seus cintos”, disse um advogado brasileiro.

O Brasil tem sofrido severa inflação recentemente, mas não está sozinho nisso. Da gélida Islândia a tropical Gana, a maioria dos países — sejam comunistas ou capitalistas, democracias ou ditaduras — têm sofrido inflação em certo grau. Os entendidos discordam nas razões de por que isso se dá, porém uma coisa é certa: O povo comum tem de viver com ela. Como age o povo?

Para os ricos, os ajustes podem não ser muito dolorosos. Entrevistas com profissionais no Rio de Janeiro revelaram que alguns reduziram suas viagens ao exterior e outros despediram suas empregadas domésticas, enquanto um deles mudou de um uísque de alto preço para outro mais barato. Mas, o que dizer daqueles que não têm empregadas para despedir, ou que não se podem permitir mesmo uísque barato? Certo escriturário comentou: “Para pessoas de baixa renda, isto deve ser incrível!”

Certa nigeriana, mãe de três filhos, revelou a um repórter de jornal que, por causa da inflação, ela se viu forçada a parar de servir três refeições diárias à sua família. Agora serve apenas duas. “Eu não sou a única, perceba”, observou ela. “Centenas de outras [fazem-no] também.” É claro, duas refeições completas por dia ao invés de três não significa passar fome. Para algumas pessoas, entretanto, isso representa uma mudança substancial em seu padrão de vida.

Centenas de milhões de pessoas estão tendo de fazer mudanças drásticas em seu modo de vida. Como reagem?