sexta-feira, 9 de julho de 2010

Comunique-se!

Qualquer esquema de redução de dívidas exige comunicação, se há de ter êxito. Visite ou telefone para cada pessoa a quem você deve dinheiro. Se achar que seria útil, mostre-lhes o seu plano. Pelo menos converse com elas. Lembre-se, elas querem saber o que você está fazendo. Mantenha-as informadas. Uma coisa que nenhum credor tolera é o silêncio. O silêncio é rapidamente interpretado como indiferença, ou recusa de pagar. Muitos credores moveram um processo judicial para recuperar seu dinheiro simplesmente porque ninguém se preocupou de explicar o que estava acontecendo.

Deve considerar a possibilidade de declarar-se falido? Em alguns países, todos podem beneficiar-se de tais dispositivos legais, mas isso não deve ser considerado de forma inconseqüente. A dívida é um compromisso. Está envolvida a obrigação moral. A falência tem um efeito ondulatório que cria problemas para outros. Permanecerá como uma mancha em seu registro.

Não há nada de errado no velho conceito de “compre conforme puder”. Deveras, se de todo possível, o proceder mais sábio é não incorrer em dívidas. As dívidas podem ser uma areia movediça que o tragam. Ricardo e Luísa permitiram-se ser engolidos. Precisam fazer mudanças, mas, passo a passo, podem livrar-se das dívidas.

Caso o leitor ou leitora estivesse literalmente soterrado, utilizaria qualquer mobilidade que ainda tivesse para começar a sair dali. Pode ser um processo lento, mas dá certo! Lembre-se, não importa por quanto tempo, ou quão difícil seja fazer isso, vale a pena saldar suas dívidas.

Saldar as Dívidas

Algumas pessoas talvez achem que os conselhos sobre como administrar as dívidas são muito tardios para elas. ‘Eu já estou enterrado em dívidas e em compromissos. Como posso sair disso?’ A realidade é que nunca é tarde demais para se começar.

O primeiro passo deve ser fixar um relacionamento funcional com um banco de boa reputação. Se tiver de fazer um empréstimo, é ali que, possivelmente, conseguirá a melhor taxa de juros. Se seu banco lhe recusar um empréstimo, provavelmente lhe estará prestando um favor. Lembre-se, o negócio dele é emprestar dinheiro, e ele lhe emprestará, se isso parecer razoável.

Em segundo lugar, tem de começar a saldar suas dívidas de forma organizada. Coloque num papel a projeção de seu esperado fluxo de caixa nos próximos 24 meses. Seja realístico. Inclua toda fonte de renda que espera ter. Daí, aliste tudo que tem de ser pago. Dê certa margem para itens dos quais nem sequer se lembra agora. Aliste as dívidas em ordem de prioridade. Daí, destine seu dinheiro numa base eqüitativa, de modo que cada dívida seja, pelo menos, paga em parte. Estipule uma data limite para o pagamento final de cada dívida.

Em relação a este plano, considere em que poderia reduzir os custos. A redução das dívidas sempre exige algum sacrifício. Pode a compra de mantimentos ser reduzida por obter ofertas especiais? Que substitutos mais econômicos podem ser usados ao planejar refeições? Pode-se reduzir as férias? Pode-se baixar o padrão de vida? Podem alguns luxos ser usufruídos com menos freqüência? Às vezes nós simplesmente temos de ser implacáveis com nós mesmos. Certas despesas podem ser transferidas da coluna das “necessidades” para a coluna dos “luxos”.

Uma vez tenha preparado um plano, no papel, discuta-o com o gerente de empréstimos do seu banco. Ele ficará impressionado quando notar que você fala sério. Ele talvez lhe possa mostrar como aprimorar esse plano. Talvez até mesmo sugira a renovação do empréstimo ou renegociação da dívida. Se assim for, tenha certeza de considerar a taxa de juros, e o tempo em que a dívida renegociada deve ser paga. Geralmente significará pagamentos menores por um período maior de tempo. Mas não seja tentado a usar a renegociação do empréstimo para tomar mais dinheiro emprestado.

Administrar as Dívidas

Existem muitas fórmulas para definir uma taxa aceitável de dívida em comparação com a renda. Mas elas variam tanto que muitas pouco significam. Por exemplo, há economistas que acham que uma família pode confortavelmente alocar 30 por cento de sua renda bruta para financiar sua casa. Isto é, para o pagamento da hipoteca ou do financiamento, ou do aluguel. No entanto, esta fórmula talvez não seja exeqüível para os bem pobres. Assim, fórmulas gerais com freqüência são muito vagas. Toda a problemática do controle das dívidas é melhor considerado a nível individual.

Certa medida de endividamento pode ser aceitável, mas isto exige discernimento e cuidadosa administração. Por exemplo, a maioria das pessoas não pode comprar uma casa sem incorrer em dívidas. É irrealístico pensar que uma família tem de viver em casa alugada até economizar o bastante para comprar uma casa à vista. Isso, provavelmente, jamais acontecerá. Antes, a família talvez ache que o dinheiro que paga de aluguel pode ser canalizado para o pagamento duma prestação mensal ou hipoteca da casa. Embora este plano talvez leve anos, eles concluem ser mais prático.

Quando compreendemos que o valor da casa provavelmente aumentará com o tempo, segue-se que, embora os pagamentos da prestação ou da hipoteca sejam maiores do que o dum aluguel, a família ficará em melhor situação, uma vez que terão um lucro líquido, que é o valor da casa, menos o saldo devedor. Uma hipoteca ou prestação da casa financiada, numa taxa razoável, com pagamentos ao alcance da família, pode, assim, ser uma dívida aceitável. O mesmo se pode dizer de outras grandes compras necessárias da família.

Outras formas de dívida podem ser inteiramente inaceitáveis. Administrar dívidas inclui a capacidade de rejeitá-las. Talvez a melhor regra seja: Não compre aquilo que não precisa e não tem meios de pagar. Evite comprar por impulso. Mesmo que o preço de algo seja apenas a metade do usual, não será uma pechincha se não puder pagá-lo. Não faça empréstimos para comprar itens de luxo. Não faça viagens de férias a menos que possa pagá-las antes de viajar. Seja o que for que comprar, isso terá de ser pago mais cedo ou mais tarde. Cartões de crédito são úteis para evitar levar dinheiro vivo, mas são muito caros quando usados como meios de obter empréstimos.

Contrair Dívidas

Como é que a pessoa contrai dívidas? É muito simples! Trata-se dum modo de vida. Todos — governos, empresas multinacionais, pequenos negócios, famílias e indivíduos — vieram a aceitar as dívidas como algo normal.

O orgulho às vezes gera dívidas. As dívidas geram tensão. A tensão leva a outras dificuldades. Assim, como é que a pessoa consegue viver num mundo voltado para dívidas, e, ao mesmo tempo, ficar sem contrair dívidas?

Talvez a primeira lição a ser aprendida é a simples resistência às vendas. Não se pode entrar na maioria das instituições financeiras sem ser confrontado por pôsteres que oferecem empréstimos. Cartões de crédito tornam-se facilmente disponíveis. Desde o espectro dos “tubarões” até as respeitáveis instituições bancárias, existem milhões de pessoas bem-sucedidas e dinâmicas que negociam com dinheiro. Para elas, o dinheiro é uma mercadoria — como os comestíveis — e sua tarefa é vendê-lo a você. Aprenda a dizer NÃO.

Dívidas! — Como são contraídas e saldadas

LUÍSA e Ricardo já estavam casados por quase um ano. Como muitos casais jovens, queriam ter tudo já — e isso era fácil! O pagamento da TV era de apenas NCz$ 624,00 por mês, e o acréscimo dum videocassete apenas aumentou o pagamento para NCz$ 936,00. A mobília nova era um pouco mais difícil — o pagamento era de NCz$ 3.444,00 por mês. Naturalmente, isso não incluía as cortinas e o carpete, o que elevou o pagamento em NCz$ 558,00. Mas a financeira deles tinha-se mostrado cooperadora.

Os eletrodomésticos tornaram-se um pouco mais fáceis de adquirir, pois a loja aceitou seu cartão de crédito. Dessa forma, os pagamentos mensais eram automáticos, e não tiveram de solicitar um empréstimo. Teria sido mais fácil se o carro esporte de Ricardo já tivesse sido pago antes de se casarem, como ele tinha planejado, mas não tinha conseguido fazer isso.

Ricardo expressou-se da seguinte forma: “Eu achava que o casamento seria jóia, mas estou tão preocupado com nossas dívidas que simplesmente não é divertido.” Luísa concordou, e acrescentou: “Foi tão fácil contrairmos dívidas. Será que algum dia nos veremos livres de dívidas?”

Esta ansiosa indagação ecoa o dilema confrontado por milhões de famílias na maioria dos países do mundo. Raras, deveras, são as pessoas que conseguem viver sem assumir uma carga enorme, às vezes inadministrável, de dívidas.